sábado, 12 de junho de 2010

O poder de uma nação


Como foi bonito ver os jogadores sul-africanos entrarem em campo entoando cânticos assim como faziam seus guerreiros ancestrais ao irem para a guerra. Agora, a guerra é outra. Não tem armas, mas acreditem: a garra será a mesma. Ela acontecerá dentro das quatro linhas e nela os protagonistas tem, segundo eles, o objetivo de orgulhar a nação. Como foi bonito ver os torcedores em êxtase e com uma felicidade particular ao continente. Como foi bonito ver a figura de Nelson Mandela ser exaltada. Como foi bonito ver a atmosfera do Soccer City durante o gol de Tshabalala. Como foi bonito ver a humanidade emocionada.
Geralmente, a seleção anfitriã tem sua torcida aumentada pelos que não têm representantes na Copa ou como segunda seleção de cada torcedor. Ainda mais se ela for de menor expressão e tiver, no caso da África do Sul, todo um aspecto histórico de superação. E foi o que se viu no primeiro jogo da Copa do Mundo de 2010.
A seleção sul-africana, muito limitada e dependente de Tshabalala e Pienaar, começou o jogo muito nervosa, tamanha a sua responsabilidade perante a torcida. Era visível no rosto de cada jogador que eles sabiam estar fazendo parte de um momento histórico muito importante e isso às vezes assusta a quem não está acostumado. Os mexicanos aproveitando-se disso criaram as melhores chances do primeiro tempo, porém neste, o placar não foi inaugurado.
Os sul-africanos, liderados por Tshabalala, começaram o segundo tempo de forma mais organizada, com envolventes toques de bola e logo aos dez minutos fizeram o estádio estremecer. Recebendo bom passe de Mphela, Tshabalala invadiu a área mexicana e com um chute, que parece ter recebido a força de todo o país, fuzilou o goleiro mexicano. 1 a 0. A África do Sul teve mais duas chances claras para marcar, porém tamanho era o estado de graça e ansiedade dos jogadores, as desperdiçou. E então, aos 34 minutos do segundo tempo as vuvuzelas se calaram pela primeira vez. Após cruzamento na área, o zagueiro Rafa Márquez empatou a partida. Foi um choque, mas os guerreiros sul-africanos não podiam desanimar. Empurrados pela torcida, pelo som de milhares de vuvuzelas, pelo direito de sonhar e trazer orgulho a um povo marcado pelo seu passado, e assim como fez a Alemanha em 2006, ter o poder de mostrar ao mundo uma nova face, não marcada pela união de negros e brancos, mas sim representada pelo cidadão sul-africano através de sua torcida, os jogadores silenciaram pela segunda vez as vuvuzelas quando aos 44 minutos, Mphela carimbou a trave e deu fim ao jogo que terminara, assim, empatado.
Está provado, minha gente. A seleção sul-africana jogará esta Copa superando suas limitações com o poder de sua nação. No ritmo do "vuvuzelaço" e inspirados nos "Invictus" sua torcida fará a diferença, criando a cada jogo uma atmosfera que agrega toda a história de seus povos, passa por Mandela e aterrisa no Mundial de 2010. Com certeza, isto estimula quem está em campo. Somos todos humanos e se quem está de fora sente, imaginem os jogadores.
Os sul-africanos não devem desanimar por ter deixado a vitória escapar. Devem usar este resultado para superar-se nos próximos jogos. Coloquem seus corações nas pontas de suas chuteiras e deixem que cada torcedor doe o dele para nutrir suas forças em campo. Salve África do Sul! Boa Sorte!
Um abraço e até a próxima.

3 comentários:

  1. É com imenso orgulho que leio tão grandioso texto, grandes palavras e pensamentos que não podem ser desperdiçados e lembre-se de seguir o meu exemplo assim como os sul-africanos seja também um guerreiro.

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  2. Excelente, excelente mesmo Rafa !!!
    que texto!!!

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  3. Obrigado! Obrigado!
    Continuem acompanhando!
    É um prazer!
    Abrações

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